VIETNAM – SAIGON II – HO CHI MINH
Na primeira parte da minha Crônica de Viagem, sobre o Vietnam em Saigon, prometi
continuar na semana seguinte. Por um tempo outras atividades tomaram meu tempo, mas
hoje volto a escrever, pode até ser consequência da pandemia em que estamos.
Tuneis da guerra Vietnamita: Levamos um dia para visitar os tuneis. É como entrar
num mundo diferente ou cenário de um filme. Para nós com setenta é ver o que ouvíamos
quando adolescentes pelo rádio, jornais e mais tarde televisão.
Os Vietnamitas propagam no seu discurso que venceram a guerra por usarem a técnica
dos tuneis e ao se passar por eles podemos ter certeza de que realmente esse foi o motivo
maior. Os tuneis possuem respiradouros que no exterior parecem construções de formigas
ou cupins da terra o que enganava os soldados inimigos. A floresta e os tuneis
possibilitaram que pudessem se esconder e lutar em paridade com os americanos.
Assustam as armadilhas e ao mesmo tempo fascinam pela genialidade com que as
construíam. Não fosse o terror do agente laranja, do qual vou falar depois, a baixa dos
vietnamitas seria bem menor.
Uma experiência nas florestas Vietnamitas
Jango!
Essa é a palavra que mais se escuta quando se visita o Delta do Mekong. A cor é
barrenta, mas há enormes criadouros de peixes que são montados em baixo de casas
barcos enormes. A criação de peixes parte dos alevinos até um quilo, depois são
transportados por barcos-aquários enormes, onde continuam a ser tratados, para as
cidades vietnamitas ou exportação. Uma ideia que achei viável para Porto alegre ou
mesmo na Lagoa dos Patos. O vento suave e a vegetação ao redor do rio formam um
clima fantástico.
Atravessa-se o rio depois de visitar o criadouro dos peixes e se entra pelo que eles chamam
Jango ou Nipa Canals. São pequenos canais onde ocorreram as batalhas na guerra
vietnamita. Os barquinhos são típicos, com remadores e que levam os turistas até
instalações de pequenas fábricas de balas de coco, restaurantes típicos e contato com os
animais peçonhentos ou não da região.
Nesses restaurantes são servidas iguarias, peixes saborosos e, o que mais me
impressionou, a bola de arroz. Não nos mostraram o segredo de inflar uma bola feita de
arroz, mas é crocante e deliciosa. Depois de um almoço bem servido, o turista tem direito
a soneca em uma das redes disponíveis para tal. A volta traz um gostinho de quero mais.
Quero saber mais, quero voltar novamente um dia.
O Museu da Guerra Vietnamita
Hoje nos vemos frente a uma confusão de ideias e um vírus invisível. As políticas das guerras me
parecem que agora são biológicas e ainda não tenho opinião concreta formada sobre tudo isso.
Mas uma das coisas mais chocantes e triste, para mim, foi ver esse museu. Os tanques, ok. Os
helicópteros, as minas, as armas e as estatísticas arrepiam a pele, pois nós brasileiros nunca
passamos por uma coisa assim. Não tão de perto.
Olhei tudo até chegar nas fotos que mostravam o legado que o Agente Laranja deixou na
população. Pesquisei e vejo que por dez anos a força aérea americana bombardeou o Vietnam
com toxinas poderosas cujo propósito era dizimar as selvas e a pouca safra de alimentos dos
seus inimigos.
Os efeitos ainda são sentidos por gerações, câncer, má formação física das crianças nascidas e
problemas mentais. Saí do museu com náuseas e agora penso na realidade atual, na pandemia
que o mundo está enfrentando, nos filmes que mostram que é possível a guerra biológica e peço
a Deus que o homem pare de mexer com a natureza, com os vírus, com os povos. Me passa pela
cabeça a ideia de que a população idosa está aumentando no mundo todo, seria este um fator
para lançar vagarosamente um vírus letal que atinge mais aos velhos e doentes frágeis? É justo
para os cofres públicos de todos os países. O brasileiro também?
Não devia terminar minha crônica com perguntas, mas vale uma reflexão. Não tirei fotos pela
indignação, mas podem ver e procurar vídeos como o abaixo, verão mais detalhes. A visita a
Saigon foi linda, saber que um povo reconstruiu sua história sob as cinzas de uma guerra faz a
gente ter esperança em um futuro melhor, mas como em todos os países existe aqueles podres
de rico e os pobres, muitos pobres.