QUANDO VOLTARÁ PARA CASA​

Quando?

Crônica Verena R. Becker

     Quando voltará para casa; talvez amanhã ou depois. Lembro que fazem mais de vinte anos que o aeroporto é meu lugar favorito, idas e vindas são sempre bem recebidas.

     Entre todos sentimentos já vividos o de ser mãe foi um dos mais incríveis, único para dizer a verdade, embora acredite que um filho não precisa necessariamente ser gerado na barriga da mulher. Basta perceber no primeiro olhar que o amaremos para sempre.

     Existe uma canção alemã sobre a saudade de uma mãe de marinheiro. É antiga e fala da distância. Hoje em dia ver os filhos voarem para a vida e se instalarem em outros países é muito comum. Mas repetindo a canção eu diria: volte qualquer dia novamente para casa.

     A pandemia fez as pessoas sentirem saudades, escutei mães desesperadas pela falta de abraçar o filho morando algumas quadras da sua casa, vendo-o metros de distância. Entendo esse sentimento. O hábito de ver os filhos diariamente faz uma falta incrível.

     São aqueles carinhos e cuidados que uma mãe tem com seus filhotes, uma manifestação de amor feita com prazer, maior do que os próprios cuidados consigo mesma e de repente voam, corta-se definitivamente o cordão umbilical.

     Sei e convivi muitas realidades diferentes, então não vou afirmar que amor de mãe sempre seja incondicional, algumas não estão preparadas nem para cuidar de um bichinho ao qual amem de todo coração e sintam a perda da mesma forma.

     Pela experiencia de vida posso dizer que existem mães e as outras. Quando se trabalha em escolas isso as vezes se torna pesado e você chega em casa abraça os filhos sem entender, sem saber explicar esse outro lado, essa outra realidade as vezes até comum.

     Quando voltarás para casa é uma constante, pois a casa fica vazia, invadida por memórias, sempre as melhores, dos momentos juntos. A mãe que pode ver os filhos numa distância de alguns metros, não sabe a diferença do que é estar perto ou estar longe. Não se mede o amor por metros ou quilômetros.

      Se mede a distância com o amor. Não há tristeza nem distância quando ele invade o coração dessa forma, porque longe das asas de sua mãe, os filhos se tornam pessoas fortes, com pensamentos únicos, vencem batalhas e criam suas famílias.

    A casa, para os filhos, sempre estará onde o amor esperar por eles. Particularmente peço, aos meus, que avisem e entendam que a vida dos pais também muda e podem encontrar dois velhos desarrumados ou até pelados perambulando pela casa.

     Quando voltará para casa; um filho já não será mais o mesmo e os pais também.