Noah e o Golem Azul

NOAH E O GOLEM AZUL

Noah saiu irritado da biblioteca onde trabalhava, cada noite quando fechava as portas, depois da saída de todos funcionários, pensava no que poderia acontecer durante a noite. No dia seguinte sempre encontrava um grande problema para resolver. Livros fora do lugar e rasgados, estantes tortas, água parada onde nem havia encanamento, arquivos chamuscados, alguns queimados parcialmente e principalmente aquela gosma azul espalhada por todos os cantos. As câmeras de segurança não detectavam nada.

No dia seguinte muniu-se de um saco de dormir disposto a ficar a noite toda de guarda, desta vez iria descobrir o que e como aquilo tudo acontecia. Aproveitaria a noite de vigília para ler documentos históricos sobre assuntos ainda não decifrados completamente, essa era sua paixão e motivação para continuar naquele trabalho.

No meio da noite, envolvido na leitura dos documentos que escolhera, ouviu um rumor na sala um, era onde os livros mais antigos e de maior valor se concentravam. Não viu nada no monitor das câmeras, mas munido do seu bastão de basebol e da coragem, insuflada pela raiva de ter que arrumar a biblioteca todos os dias, passo a passo encaminhou pelo longo corredor até a sala.

Deparou-se com aquela coisa. Um tipo de bola com cabeça alongada e de cor azul que revirava os livros antigos como se soubesse o que procurar. Noah pensou logo num Golam, vira histórias sobre o monstro quando visitara Praga, mas esse era azul e melado, com braços finos e mãos que só tinham três dedos e quando o viu espirrou a meleca azul das narinas com tamanha força sobre ele que ficou com o rosto coberto e quando conseguiu limpar os olhos a coisa já não estava mais lá.

Verena Rogowski Becker
14/07/2020

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