Gerontocracia & Efebocracia

A cabeça branca mostra-me a realidade de ter nascido no “entre”. O tempo da Gerontocracia que para a maioria da população mundial já passou e nos mostra o quanto somos efêmeros, essa palavra simples, mas sempre usada. Crescemos quando os sábios, os que tinham o conhecimento, eram os mais velhos, agora somos sombra. Uma tão escura que nos persegue e vem sacudir lançando por terra nosso conhecimento estudado com afinco, decorado, adquirido, penetrado profundamente em nossa massa cerebral. Um espaço de tempo que joga tudo por terra, pois agora prevalece a Efebocracia, o poder do conhecimento dos jovens e, não acompanhar as mudanças pode ser fatal. “Tudo flui – panta rei, nada persiste, nem permanece o mesmo. ” Palavras de Heráclito que confirma nosso sonho de conhecimento como passado, uma espécie de poder que podíamos conter e distribuir.

Mas apesar de tudo um claro esplendor de luz me envolve, a vida é doce, foi amável a juventude e apesar do prazo encurtar a cada dia urge mudar, acompanhar a corrente ou ficar para trás, no escuro de um amanhã que ninguém tem a mínima noção de como será. Saber o que significa panapaná, palavra da língua portuguesa que está no dicionário e significa simplesmente um bando de borboletas ou um amontoado delas, faz fluir, no meu ego um sentimento gostoso de conhecimento, principalmente enche o peito de orgulho quando não preciso abrir a página do Google quando jogo CodyCross no meu computador. Isso me torna um vencedor entre os vencidos e como não sou fanática em ficar jogando, pois nem disponho de tanto tempo, me orgulho de estar na fase 324 completando quase 71 anos de idade

Estamos num tempo líquido, como já ouvi em várias palestras, flui constantemente e o que vale como lei da física ou do homem muda num piscar de olhos e me perco algumas vezes no que é ético, no que é válido ou no que realmente devo acreditar. A pandemia mundial parou a corrida do homem nas ruas, mas aumentou como, no meu antigo linguajar, um foguete busca-pé em tempo de festa de São João. Esta batalha está apenas começando, na vida, no trabalho, na tecnologia, nas relações humanas. Haverá vencidos e vencedores, acertos e erros, mas a correnteza não vai parar, para ser feliz o ideal é acompanhar o ritmo e se reinventar.

Verena Rogowski Becker
29/09/2020