ELOS DA EDUCAÇÃO (PARTE 2)
Os “ELOS” na Educação escolar são difíceis de romper. A palavra “mudança” sempre presente no meio educacional, como novas leis, tratados, ideias, estudos, levantamentos, etc., rodam ano após ano nas reuniões escolares, mas o ato de mudar parece ficar sempre estacionado no mesmo lugar. É sobre esses assuntos, tanto na pedagogia escolar, como na Arte educação, que quero desenvolver esta primeira crônica.
“ELOS”, parece o exemplo figurativo de todos esses problemas, porque são as argolas que formam uma corrente, a relação construída entre pessoas ou coisas e é, como essa velha pedagogia está arraigada no processo educativo. Fico me perguntando como romper esses elos.
Vou me ater a falar um pouco da Educação Fundamental, pois todo meu trabalho como educadora foi desenvolvido nesse pequeno espaço entre a Educação Infantil e o Ensino Médio. Li, estudei, debati a mudança nas salas de aula. Os elos não se rompem com facilidade, e quando conseguimos rompe-los, tornam a se unir em algum lugar, em uma sala de aula, em uma sala de direção, em uma reunião de pais ou em uma reunião de professores e a pergunta mais importante sempre fica para depois: “O que é importante e o que é preciso para preparar nossos educandos para a vida.”
Um desconhecimento que assusta, porque coloca frente a frente a nossa capacidade de tolerar e de lidar satisfatoriamente com a ausência de controle de uma nova forma de educar ou ensinar. Já dizia J. C. Bemvenutti: “A tendência, quando se quer mudar, é fazer novas rotas em velhos mapas. Mas esquecemos que o mapa não é o território!”
Mudanças envolvem pessoas e cada pessoa tem seu próprio tempo para se adaptar as situações, nunca existe um tempo igual, mudar significa ser sujeito e não objeto das transformações.
Em primeiro lugar é importante saber o que é uma escola, porque a ideia de que a escola se restringe ao professor e ao aluno me parece nos dias de hoje, principalmente depois da pandemia, está completamente desconfigurada.
Na realidade escola, hoje, deve ser um conjunto de educadores que se propõem a fazer um ato de mudança, nele estão envolvidos os diversos segmentos da comunidade escolar. Direção, professores, alunos, funcionários (inclusive serventes), pais, guardas, motoristas e comunidade, todos são educadores e formadores na escola.
Em segundo lugar temos que saber o que é educar ou o que deve ser a educação dentro desses novos parâmetros mundiais. Um processo pelo qual se quer desenvolver, de forma integral e equilibrada, a mente, o sentimento e o corpo.
Para que ela aconteça de uma forma integral, tem que ser repensada como um todo, pois é dessa mudança que surgirá uma nova escola, um novo aluno, um novo professor, uma nova direção, uma nova equipe de funcionários e uma nova participação da comunidade, e consequentemente uma nova visão de vida.
Parecemos olhar sempre para um retrovisor, vou dar o exemplo da servente da escola que coloca a mesa do professor em primeiro lugar, e as mesas dos alunos enfileiradas em forma de batalhão militar na sala, não saímos do período do Renascimento.
Hoje temos a responsabilidade de incluir tudo isso num contexto cheio de novas realidades. A construção desse novo olhar é a de REAPRENDER, partindo para uma nova organização, deixando de funcionar com intermináveis legislações, hierarquias, burocracias, medos, vencidos e perdedores. Propiciar uma mudança que quebre os elos definitivamente. “Correr sempre mais rápido, saltar sempre mais alto, lançar sempre mais longe, jogar sempre melhor.” Esse lema é um lema de esportistas, mas parece-me que fica adequado quando queremos entender melhor, nossos jovens, principalmente o adolescente com o qual temos contato no nosso fazer diário.
“O conceito de Homem Ideal, procurado pela sociedade atual, mudou de um que era uma enciclopédia ambulante, para um homem preparado em solucionar problemas. Pode-se dizer que o valor do ser humano está na criatividade e habilidade para solucionar problemas. Essa habilidade de solucionar problemas e soluciona-los cooperativamente é a chave para a sobrevivência de uma organização escolar.
Precisamos reavaliar nossa função como escola, como educadores de uma geração nova e que não conhecemos. Procurar mudar a escola, que talvez um dia se torne completamente online no espaço físico escolar ou em cada casa, se a curto ou em longo prazo, não tenho a resposta. Tenho só o questionamento. Como fazer?
Verena Rogowski Becler